Os anos que me levaram a Deus
PARTE 1
Em primeiro lugar, os anos que me levaram à Deus começaram com “desobediência”.
Nasci aos dezessete de fevereiro de 1990, às 20h45 em um bairro muito pobre de Vitoria, no Espirito Santo. Naquela época, meus pais já eram evangélicos e foi em um ambiente rígido que eu cresci. Nós não havíamos televisão em casa, o rádio só tocava programações cristas e CBN.
Além disso, eu não podia usar qualquer tipo de maquiagem, nem cortar o cabelo ou furar as orelhas. Havia um pouco de liberdade apenas em como eu me vestia fora da igreja. Em casa, no entanto, via meu pai ter um mau comportamento seja físico, verbal e emocionalmente da minha mãe e dos meus irmãos, filhos dela. Comigo ao contrário, ele era de uma certa forma, carinhoso.
Aos cinco anos de idade, usei meu primeiro batom vermelho para uma festa junina na escola. Isso me deixou com muito medo, já que eu imaginava qual seria a reação do meu pai através das palavras de minhas irmãs, que disseram para não mostrar as fotos da festa pra ele. Claro, ele acabou vendo as fotos. Lembro que eu mesma mostrei o “álbum” pra ele, na esperança de “passar batido” o batom vermelho.
Houve um tempo difícil em casa: papai brigou com minha mãe, minhas irmãs, meu cunhado. E dessa briga, resultou que uma de minhas irmãs ficou anos sem voltar lá em casa, mesmo depois de casada e não falava com meu pai. Outra irmã foi morar com meus avos e minha mãe se separou do meu pai (viviam na mesma casa, porém não se relacionavam como um casal, e papai não escondia o fato de ninguém).
Para agravar meu relacionamento com ele, eu tomei consciência do mau comportamento dele e numa delas eu interferi, chorando muito e citando Mateus 7.23 “Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticam a iniquidade”. Eu era ainda muito criança e não faço ideia de como cheguei a este ponto.
Com o passar dos anos, eu passei a detestar meu pai; eu cancelava-o constantemente em minha mente e coração. A partir dos meus 8 anos, já não queria mais andar com ele, não conversávamos mais, não sentia afeto e nem protegida por ele. Não ligava mais pros elogios e se ele estava ou não aprovando as minhas atitudes. Meu desejo é que ele fosse embora.
Entrei na adolescência quebrando todas as regas de casa que eu podia e nunca deixava ninguém se aproximar demais de mim. Em casa, meus pais pareciam nem desconfiar de quem eu era na rua: vivia uma vida dupla. Minhas notas na escola nunca caíram, sempre excelente nas minhas atividades, continuava frequentando a igreja deles normalmente. Ainda brincava de boneca, tinha amiguinhas que iam na minha casa.
Mas ao mesmo tempo a minha revolta crescia, não conseguia entender porque minha mãe se sujeitava a continuar casada com meu pai, e ela ainda passou a ficar calada frente às agressões dele e não rebatia mais.
Me lembro que foi aos 13 anos que perdi minha capacidade de liderança que antes era tão aflorada: já não queria estar à frente de mais nada. Quando entrei no Ensino Médio, estava frustrada: meu primeiro grande sonho eu havia deixado escapar, pois não passei no IFES – uma prova que tinha tudo pra dar certo, que eu treinei e estudei tanto, mas não passei por 2 ou 3 pontos.
Lembro que minha mãe foi à um culto na igreja dela e que recebeu uma profecia de que o “Inimigo” estava travando uma pontuação que eu queria e Deus estava permitindo por causa das minhas ações. Eu, na época, não dei atenção, mas quando eu não passei na prova, entendi o que tinha acontecido. Lembro de haver remoído isto todos os anos do meu Ensino Médio e sentia que estava perdendo o meu tempo ali naquela escola, que não era o meu lugar. Sentia que eu podia dar mais de mim e não fazia.
Neste tempo, em casa, eu não falava muito com meu pai e a minha mãe me acobertava das coisas que eu fazia e que ele não gostava. Minhas desobediências começaram pequenas e foram crescendo gradualmente: cortei meu cabelo quase no ombro, coloquei um piercing e depois furei as orelhas, passei a usar roupas bem decotadas e curtas, levei meu primeiro namorado em casa como uma forma de afronta.
Eu saia de casa sem dizer aonde ia e passei a dormir fora de casa eventualmente. E estas coisas, claro, não ajudam no meu relacionamento com minha mãe.
Quando passei na UFES, foi um verdadeiro milagre: eu não tinha como pagar por um pré-vestibular e acabei estudando por minha conta. Nesta época eu já não ficava em casa e passava os dias fora voltando apenas pra dormir. Mas com meu primeiro namorado as coisas também estavam in do de mal a pior: a gente brigava muito.
Além disso, em casa volta e meia havia discussão e a gente ficava tempos sem sequer olharmos um pro outro. Por exemplo, em um domingo houve um churrasco na nossa casa e eu brinquei com meu pai em um momento de descontração chamando-o por um apelido que, para ele, era uma ofensa. Ali ele proferiu palavras malditas sobre mim e tentou vir contra mim pela primeira vez, dizia palavras fortes e esmurrava a porta.
Foi ali que eu disse pela primeira vez em voz alta que o detestava e queria que ele fosse embora. Eu cometi um grave pecado ao desobedecer a Palavra de Deus em Êxodo 20:12 que diz “Honra teu pai e tua mãe, a fim de que tenhas vida longa na terra que o Senhor, o teu Deus, te dá.”
Foi então que as consequências das minhas desobediências começaram a bater na minha porta: no último ano da faculdade, eu resolvi que não queria mais das aulas, a despeito das promessas de Deus sobre a minha carreira, desisti do sonho do Mestrado e entrei pro curso Técnico em Administração, fazendo os dois cursos concomitantemente.
Por fora, notas excelentes em ambos, terminando o curso de inglês, trabalhando, falando de casamento. Mas por dentro, estava completamente perdida, não havia planos pro futuro, não sabia qual profissão seguir, estava desesperada pra acabar com meu relacionamento que já ia de mal a pior depois de 7 anos. Eu morria por dentro a cada vez que chegava em casa e não considerava ninguém como amigo.
Era o ano de 2012, depois de sete anos de namoro e nenhum relacionamento em casa, que eu conheci a minha melhor amiga Pam. Ela começou a falar de Jesus pra mim e, de alguma forma, meu namoro passou a não servir mais pra mim e eu resolvi acabar de uma vez por todas, e alguns dias depois eu resolvi me auto convidar pra ir na igreja da minha amiga e aceitei o convite que Cristo me fez!
1° passo da mudança:
entregar tua vida à Cristo! Foi ali que passei a congregar na ADCC e a buscar a conhecer à Deus através da Bíblia. Comecei a participar dos eventos da igreja, dos churrascos, retiros, noites de adoração. Porém a minha vida ainda não havia mudado completamente.
Estava assumindo relacionamentos sem compromissos, participei de festas, bebedeiras, não queria dar aulas e trabalhava fora da sala de aula, apesar de ser na área de educação. Discutia com meus pais, não deixava ninguém se aproximar muito, minhas roupas ainda não haviam mudado. Até que chegou um dia, um pouco antes do mês de março de 2013, que surgiu a ideia de me batizar.
Passei a orar muito, a jejuar, fui orientada pelo nosso querido pastor, recebi muitos conselhos e, por fim, me decidi. Foi o dia mais lindo da minha vida! E, com ele, veio um enorme incomodo: eu havia coisas pra resolver em casa e em mim mesma.
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Meu Testemunho - Peregrinando · agosto 26, 2024 às 8:56 pm
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